As pedagogias (A)enunciadas e suas adjetivações: percursos educacionais e discursivos / The pedagogies (A) stated and their adjectives: educational and discursive pathways

Authors

  • Alexandra Tagata Zatti
  • Tânia Regina Raitz
  • Alexandre Vanzuita
  • Mayara Ana da Cunha Kersten
  • Naiara Gracia Tibola

DOI:

https://doi.org/10.34117/bjdv6n3-308

Keywords:

Análise do Discurso. Pedagogias. Anunciação. Enunciação. Adjetivação.

Abstract

 Nossa reflexão se inscreve na proposição de um gesto de leitura sobre as diferentes (a)enunciadas nomeações e adjetivações das pedagogias e as referentes formações discursivas presentes na textualização vídeo-documental “La Educación Prohibida” (2012). Como objetivo nos interessa pensar neste trabalho como transitam estes saberes que (a) enunciam pela perspectiva de um conhecimento a promoção de um novo/velho modelo de aprender. Nosso recorte acontece a partir do momento em que após o movimento da Escola Nova, em 1932, é “autorizado” que novas abordagens educacionais anunciadas sejam na íntegra de seus enunciados "ditos" e praticadas e, em consequência destas práticas rejeitar o não-dito das pedagogias tradicionais, através dos processos de reformulação de um enunciado que se coloca em funcionamento. Movimento teórico que se dará através da Análise do discurso de linha francesa e a Semântica da Enunciação para pensar como este espaço de (a)enunciação se configura como acontecimento discursivo; em que a temporalidade dos processos discursivos acontecem e, como o funcionamento da língua na qual estas nomeações são (a)enunciadas promovem algo, desconsiderando a perspectiva da situação em que se estabelecem como prática, no entanto, interessa pensá-las como materialidade histórica (Guimarães, 2005). Já do ponto de vista da historicidade estas nomeações nos remetem a várias memórias discursivas para a ambientação destas propostas que se dão sobre/na interpelação do indivíduo em sujeito na (forma histórica do sujeito, capitalista, sustentado pelo jurídico e diria ainda pelo discurso autoritário da educação). Já em Henry (2010) a historicidade consiste para nós a história, nesse fazer sentido, mesmo que possamos divergir sobre esse sentido em cada caso e que aparece para dizer, o que e como estas pedagogias parecem vestir-se de certas nomenclaturas para exercer sua função social. Pedagogias que seguem na alternância de seus nomes sendo consideradas como experiências alternativas que “tentam” fugir do modelo tradicional hegemônico para manter-se na neutralidade do sistema de ensino. Nesta perspectiva, em “Freire para educadores” (2014) o autor contesta esta neutralidade negando-a e, vai afirmar que atrás de toda neutralidade há uma opção educativa escondida, que imbuída de uma práxis que seria para libertar os sujeitos “ditos” humanizados e escolarizados, domestica para dominar. As denominações progressista, libertária, popular, ativa, aberta, em casa, entre pares, cooperativa, alternativa, criativa, ecológica, holística, etnoeducação, educação sem escola, mães educadoras, pedagogia da cooperação, autoaprendizagem e tantas outras, procuram se estabelecer com/em suas “pedagogetivações ou pedagogeadjetivações”[1] para estabelecer um vínculo de aprendizagem entre aqueles sujeitos que necessitam e dizem educar-se. Pelo interesse da pesquisa e para reflexão fica a pergunta: Que discurso à escola contemporânea busca para promover aprendizagens em seus ambientes de ensino?


 

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Published

2020-03-20

How to Cite

Zatti, A. T., Raitz, T. R., Vanzuita, A., Kersten, M. A. da C., & Tibola, N. G. (2020). As pedagogias (A)enunciadas e suas adjetivações: percursos educacionais e discursivos / The pedagogies (A) stated and their adjectives: educational and discursive pathways. Brazilian Journal of Development, 6(3), 13907–13919. https://doi.org/10.34117/bjdv6n3-308

Issue

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Original Papers