Construindo olhares e práticas não medicalizantes em educação e saúde no município de Vitória-ES/ Building non medicalizing look and practices in education and health in Victoria-ES
DOI:
https://doi.org/10.34117/bjdv5n10-311Keywords:
Práticas Desmedicalizantes, Medicalização da Educação, Formação Profissional.Abstract
Estudos revelam uma grande procura por atendimento médico para alunos de escolas públicas, em Unidades de Saúde de várias regiões brasileiras. Essas crianças e adolescentes, muitas vezes, são encaminhadas devido à queixa no âmbito escolar, especialmente por problemas de aprendizagem e comportamentais, e passam a fazer parte da Educação Especial. A resposta dominante, dos profissionais desses serviços de saúde, é uma prática que vem se generalizando: o diagnóstico de diversos transtornos e indicação de medicação, na grande maioria dos casos, em que o Metilfenidato é o mais prescrito. O Brasil é o segundo mercado consumidor mundial dessa substância, sendo a região Sudeste a que apresenta o maior número absoluto desse consumo. Os dados da cidade de Vitória são preocupantes, pois é a terceira capital brasileira com grande consumo desse medicamento. Diante desses dados, desenvolvemos um projeto de extensão, que teve início em 2016, com o objetivo de promover estudos e formação de professores de escolas públicas localizadas na região da Grande Vitória, assim como de profissionais de saúde e estudantes de cursos de graduação e pós-graduação da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e de outras instituições de ensino. Entre as atividades desenvolvidas, realizamos encontros quinzenais de estudos tendo como tema a Medicalização da Educação. Além de estudo, são exibidos filmes e realizada análise de casos e situações vivenciadas pelos participantes. Organizamos palestras, congressos, seminários, encontros, cursos de atualização e realizamos convênios com entidades e grupos locais e nacionais. Participamos de reuniões com equipes de secretarias estaduais e municipais e com o corpo técnico de escolas públicas.Temos hoje uma ampla procura, para nosso grupo de estudos, de um público heterogêneo composto de alunos de graduação da Ufes e de outras instituições de ensino superior, professores de escolas públicas municipais e estaduais do Espírito Santo e de profissionais da área de saúde. Após alguns meses, de funcionamento do grupo, começamos a ser convidados para encontros, palestras, mesas e seminários no Espírito Santo e em outros Estados. Esses convites tiveram como demanda a formação de professores e de profissionais da área de saúde, a partir da realização de discussões sobre a Medicalização, principalmente no âmbito da Educação Especial.
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